O bar



Era noite de sexta-feira, e como em tantos outros lugares do mundo ali acontecia uma festa. Aquela velha e habitual diversão de sempre: havia música tocando, pessoas espalhadas por todos os cantos, amigos conversando, casais apaixonados, comidas e bebidas. Nada que pudesse me surpreender ou fazer daquela noite uma data inesquecível, mas ainda assim valia a pena tentar aproveitar. Tudo corria bem a primeiro momento, até alguém sugerir pegar umas bebidas.

Nada contra as bebidas, também me rendo aos prazeres do álcool, só não estava afim de beber naquela noite e isso me possibilitou observar melhor a cena que acontecia na minha frente. O único bar da festa, um pouco pequeno e com meia dúzia de funcionários, sendo engolido pela multidão. Multidão capaz de esperar muito e pagar caro, apenas para suprir o vício de ter um copo na mão.

Não estou exagerando, acredite, eram dezenas de pessoas compactadas em uma fila que não existia, empurrando-se e exprimindo-se cada vez mais na competição do "quem pega bebida primeiro". Eram longos minutos para comprar uma ficha, e mais longos minutos para pegar o copo de fato. Não estaria mentindo se dissesse que alguém ficou uma hora esperando naquele balcão, provavelmente existe gente mais azarada do que nós.

Enquanto isso o show continuava, as pessoas dançavam, o público se divertia. Valia a pena perder uma parte da festa ali? Por que diabos era tão importante assim ter um copo de bebida? Talvez ninguém mais consiga encarar o mundo são, ou as pessoas simplesmente não tem mais coragem de serem elas mesmas. É pra perder a vergonha, não? As pessoas precisam do álcool pra fazerem aquilo que querem com uma "desculpa". É pra descontrair, é pra relaxar, é pra melhorar o humor... Beber pode até ser bem legal, mas não devia ser algo tão necessário. Não devia ser algo capaz de aprisionar e enlatar as pessoas na frente de um bar. Não devia ser prioridade.

O fluxo de pessoas ali só aumentava, a sede era insaciável. Calei-me e fiz questão de não expressar o quanto aquilo me perturbava, ao menos até agora. A vida seguiu seu rumo e a noite terminou sem superar minhas expectativas, como previ. Mas os fatos ainda atordoam minha mente e me fazem pensar naquilo que nos tornamos.

Nos tornamos escravos de um copo.



9 comentários:

  1. Nossa, Ju, já pensei tanto sobre isso, sabe?
    Vai fazer mais de um ano que não vou em nenhuma festa e não me faz falta alguma. Nas que eu ia e acabava bebendo com minhas amigas, nada me acrescentava. Nas que eu ia e permanecia sóbria, olhando todos ao meu redor bêbados e irreconhecíveis, também voltava pra casa com aquela sensação de vazio. Por isso deixei de frequentar ambientes assim.

    É como você disse. Parece que há a necessidade de beber pra "descontrair", pra fazer besteiras e por a culpa na bebida. As pessoas se escondem atrás disso, falam o que querem, fazem o que querem e esperam não sofrer as consequências. Eu me pergunto a razão disso, se no outro dia você acorda com ressaca e com a mesma sensação de vazio que tinha antes de festar.


    palavras alienadas

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    1. Se eu ficar sem as festas sei que vou sentir muita falta, mas não deixa de ser muito perturbador observar a atitude das pessoas nesses lugares. É foda, fica essa sensação de "vazio" mesmo...

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  2. Só li verdades hahah! Nada contra bebida nem nada (apesar de não beber) não julgo quem faz, mas é como vc descreveu no texto, as pessoas perderam o norte, a "felicidade" da festa está em entorpecer suas próprias emoções...
    Myllena,
    Minhaspequenasverdades.blogspot.com.br

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    1. Eu bebo, por isso mesmo essa atitude das pessoas me incomodou tanto. Fico pensando, será que eu também sou assim? Será que eu não consigo mais aproveitar uma festa sem beber um copo que seja? Sei lá, essas coisas mexem com a gente.

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  4. Oi. Ótima sua descrição. Parabéns. Vou falar rapidamente minha opinião aqui:

    Isso ocorre e é bastante incentivado no ocidente (passar a fugir de das situações). Não aprendemos a contextualizar nossos sentimentos, assim terminamos por agir de forma a evita-los ou aos seus contextos (como bem colocado no seu texto - necessariamente parece haver necessidade do álcool para enfrentar o mundo).

    Qual a intenção de precisar beber para estar em uma festa? Evitar algum desconforto na interação? Parecer sociável? Poder se aproximar de alguém?

    Nesses casos em que se evita deliberadamente algo para aparentemente ficar bem consigo, como evitar a ansiedade de falar com alguém ou a vergonha de recusar uma bebida, pode criar um problema futuro: Nunca aprender a lidar com a situação ou com sentimentos adversos.

    O conflito é que nisso há restrição de nossas ações (eu não posso não falar com algum, senão sob o efeito do álcool, ou não posso falar com alguém). Em um limite estaremos sofrendo por causa disso (como quando já não houver como evitar as situações).

    Não sei se ficou claro. Caso queira ou tenha alguma dúvida, posso esclarecer. Mesmo citar alguns exemplos de como melhor reagir a situação (escrevi mas achei que ai ficar extenso).

    Essa é a minha opinião.

    c.p.

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  5. Tentei comentar com o blogger e com o wordpress (deu vários erros), não sei se foi. Se não posto de novo. c.p.

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  6. Oi. Ótima sua descrição. Parabéns. Vou falar rapidamente minha opinião aqui:

    Isso ocorre e é bastante incentivado no ocidente (passar a fugir das situações). Não aprendemos a contextualizar nossos sentimentos, assim terminamos por agir de forma a evita-los ou aos seus contextos (como bem colocado no seu texto - necessariamente parece haver necessidade do álcool para enfrentar o mundo, senão evitamos fazer as coisas).

    Qual a intenção de precisar beber para estar em uma festa? Evitar algum desconforto na interação? Parecer sociável? Poder se aproximar de alguém?

    Nesses casos em que se evita deliberadamente algo para aparentemente ficar bem consigo, como evitar a ansiedade de falar com alguém ou a vergonha de recusar uma bebida, pode criar um problema futuro: Nunca aprender a lidar com a situação ou com sentimentos adversos.

    O conflito é que nisso há restrição de nossas ações (eu não posso não falar com algum, senão sob o efeito do álcool, ou falar com alguém definitivamente). Em um limite estaremos sofrendo por causa disso (como quando já não houver como evitar as situações).

    Não sei se ficou claro. Caso queira ou tenha alguma dúvida, posso esclarecer. Mesmo citar alguns exemplos de como melhor reagir a situação (escrevi mas achei que ai ficar extenso).

    Essa é a minha opinião.

    c.p.

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  7. Minha primeira vez aqui, prazer, Juliana!

    Gostei muito do texto!

    Eu não bebo, então, por vezes, me deparo com as mesmas indagações e constatações que você descreveu muito bem!

    Passarei mais vezes por aqui, já estou te seguindo :)

    Parabéns!

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