Se achar difícil entender a história só lendo esse trecho, leia a parte 1, parte 2 e parte 3, postadas anteriormente aqui no blog.
A perna estava enfaixada, alguns curativos no braço, e o corte da testa agora estava limpo. O quarto era todo branco, alguns papéis coloridos e desenhos provavelmente feitos por alguma criança pregados em um mural eram as únicas coisas que davam cor ao ambiente. Era estranho porque Liza se lembrava de atravessar a rua atrás de Apollo, e se lembrava de ver o rosto do homem da ambulância sobre ela, mas o resto estava embaralhado.
De fora do quarto vinham ruídos de conversas, ela não estava tão machucada assim, oras! Só a perna ainda doía, o machucado no braço e os outros arranhões pareciam apenas enfeites, ou aquelas tatuagens falsas que vem em gomas de mascar. “Vão doer na hora de tomar banho” pensou, “Esses machucados são aqueles que ardem”. Mas não era só isso que ardia. Ardia bem mais os pensamentos borbulhando no cérebro, será que os pais dela estavam no corredor? E onde estava Apollo?
A porta abriu devagar, como se alguém receasse acordá-la, era a mãe.
— Liza, querida... Quantas vezes já te disse para prestar atenção na rua? – ela tinha a voz calma, não estava brava, mas também não estava triste. Estava a Márcia de sempre, com os cabelos bagunçados presos em um coque baixo e desgrenhado, o cheiro dos cigarros que fumava impregnado nas roupas e os olhos profundos, marcados pelas noites de insônia. A Márcia de sempre, mas de vestido.
Foi o que Liza reparou. A mãe nunca usava vestido, na verdade ela nem sabia que a mãe pudesse ter algum guardado no guarda-roupa, era uma daquelas ideias impossíveis que a gente tem, mas ela tinha mesmo um vestido ou acabara de ganhar. Não era bonito, não era curto nem comprido, mas era verde. E Liza sabia que era a cor favorita da mãe. Márcia não costumava tratar a filha com carinho, mas sempre a chamava de querida, o que soava sempre irônico, como uma piada sem graça. Mas Liza não queria pensar naquilo, pensou sobre o vestido verde e pensou também sobre seus machucados.
— Eu vou ter que ficar aqui por quanto tempo?
— Mais algumas horas só, o médico anestesiou sua perna para dar os pontos, é só esperar.
— Quem avisou vocês? Cadê o papai?
— Seu pai está lá fora, alguém o avisou na venda e ele voltou pra casa correndo.
Na verdade Antônio não era dono de um mercado, e nem poderíamos chamar de venda. Era um barracão caindo aos pedaços, sendo devorado por cupins e traças, onde havia alguns produtos básicos como alimentos e objetos de limpeza que ele vendia para o pessoal do bairro. Mas a clientela fiel do pai de Liza, ou Tonhão como era conhecido, não era por causa do mercadinho de quinta categoria que ele administrava sovinamente, mas por causa do bar que também funcionava no balcão. Antônio não tinha o costume de beber, mas sabia que o bar atrairia uma porção de homens, que por sinal eram sua única fonte de renda e dependia desses homens desolados e abandonados por suas mulheres para sustentar sua própria família.
É claro que Márcia não gostava da idéia do marido ter um boteco, mas também não seria falsa a ponto de mentir pra si mesma dizendo que possuíam um mercado, então dizia venda e achava que tudo estava bom.
Meia hora depois Liza já estava em casa. O acidente não foi nada demais aparentemente, mas o susto foi grande. E suficiente para atrair amigos e parentes, daqueles que nunca aparecem no resto do ano, interessados apenas em cumprir o papel de família atenciosa e presente.
→ Provavelmente esta seja a última parte que eu posto aqui no blog, o texto está começando a se desenvolver melhor e vai ser difícil manter um padrão mais curto por aqui, então espero que fiquem curiosos pelo resto da história. Comentem e critiquem à vontade.
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ahhh, você podia postar mais dele *_*
ResponderExcluireu gosto muito dos textos que você escreve, e logo agora que a coisa ia começar a esquentar? Nahhh, sacanagem isso! hahaha
Ficou muito bom, tanto quanto os outros que escreveu. Espero que mude de ideia e poste mais deles ;)
Ah, não sei, antes de tudo obrigada! *-* Mas não sei mesmo, to pensando em fazer um e-book e postar. :B
ExcluirCurti muito mesmo! Acho que a história está evoluindo bem, estou gostando da sua narrativa e forma como descreve as coisas!!! Quando tiver o e-book eu quero ler!!!
ResponderExcluirBeijinhos, beijinhos!
Tamiris Bockmann!
Obrigaaada! Quando eu terminar (acho que vou demorar muito) eu posto aqui no blog.
Excluirgostei da historia, mas ainda quero saber onde foi parar o apolo :(
ResponderExcluirA história é longa flor, logo ele reaparece. Tadinho! *-*
ExcluirAcho que você pode continuar a postar os textos aqui. A história tá sendo bem desenvolvida. Mesmo que as outras partes sejam maiores, divida. Não há problema nisso. Eu apoio que continue por aqui!
ResponderExcluirBeijos
Pâmela Rodrigues
Blog: Liste & Realize
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Ah, vou pensar melhor sobre isso, como já citaram aqui, vou providenciar um e-book (grátis mesmo) e postar no blog, que tal?
ExcluirCom certeza estamos todos curiosos pelo fim dessa história. HAHAHA. Tem meu apoio.
ResponderExcluirBeijos e obrigada pela visita ao meu blog ;**
Obrigada flor! *-*
ExcluirEu não curti muito este trecho. :/
ResponderExcluirOs personagens tomam decisões que não me agradaram.
Vou esperar pelo próximo!
Beijos,
Vinícius - Livros e Rabiscos
Poxa, que decisões? :I
ExcluirQueria saber mais sobre o que não te agradou.
Cadê o restoooo?!?! haha
ResponderExcluirVai colocar um PDF por aqui depois né?! (aquela chata! kk)
Beijos!!
http://blogfashion4fun.blogspot.com.br/
Ah, estou feliz pelas minhas leitoras quererem mais, chata nada flor!!
ExcluirVou criar um e-book e postar.
gostei do texto
ResponderExcluirLindo texoooo !
ResponderExcluirqueria te convidar para conheçer meu blog
tem varias diquinhas de make up
se gostar e só seguir e depois deixa um comentario que imediatamente irei seguir você de volta (:
beijos e estou aguardando sua visitinha lá
blog ~~> http://deliniando.blogspot.com.br/
mega curiosa pra saber fim dessa história^^
ResponderExcluirhttp://conectadas2.blogspot.com.br/
Muito legal, poste mais sim... nem que seja em PDF. Ou como sugeriram acima, ir dividindo aos poucos. Sucesso, viu?!
ResponderExcluirhttp://tchaumae.blogspot.com.br/
Ah, vou postar um e-book, se tudo der certo! *-*
ExcluirObrigada.
Olá linda adorei seu blog, vou seguir, bjus
ResponderExcluirhttp://fashionglamix.blogspot.com.br/
Achei a imagem um pouco "assustadora"
ResponderExcluirgostei tanto do texto, continue postando aqui!
Aos Dezesseis Anos - Blog | Twitter | PageFB
Não encontrei uma imagem mais bacana que se relaciona-se ao hospital, mas essa me deu uma ideia de libertação, não sei, gostei dela!
ExcluirObrigada amor!
Parabéns, você escreve muito bem! Adorei seu blog, realmente muito incrível, tem tudo para fazer o maior sucesso; Já estou seguindo, segue o meu também?
ResponderExcluirwww.espacegirl.blogspot.com
Obrigaada! *-*
ExcluirAdooorei, escreve muito bem, até fui ler as outras partes! Parabéns.. beijos
ResponderExcluirpotato-fashion.blogspot.com.br
Obrigada poxa! :3
ExcluirLindas!
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